Friday, January 15, 2010

8/06/2008

Percorro o caminho neutro. Oscilo entre brumas. O meu corpo cai firme e hirto...
Caiu o penedo.
A minha mente desmaia com as flores murchas, e os meus olhos... os meus olhos jorram tinta negra. Céu escuro como bréu. Os cavaleiros do amanhecer confrontam-se com sombras sólidas e mortíferas. As almas penadas dos que ficaram por terminar ficam procurando lugar neste mundo, e o chão rodopia e as paredes abatem-se sobre o meu corpo ainda caído e agora dormente. O mundo não me deixa respirar. Oiço vozes lá ao fundo ecoando monossílabos absurdos. Vaguei-o entre vales de amnésia e impressão. Sinto o cheiro... Cheiro o cheiro. Cheira a noites longas de amor eterno. Cheiro a verdes campos la no longe e azul mar e branca areia... Estou a chegar.
Oiço palavras embaciadas pelo sensação de perfeito silêncio. "Acorda". "Levanta-te". "...caminhar"... É preciso acordar, erguer e começar a caminhar de novo. Os cavaleiros do amanhecer estão vencendo o batalhão dos tristes, sombrios e maus, não tardam a chegar; e com eles o clarear e de novo o céu azul cor de infinito. O mar perdido, o mar amigo. Já vejo o sol. A brisa acaricia-me as faces, sinto um pulsar. Corro ao ritmo do coração! Depressa, DEPREssa, DEPRESSA! Ali está!
As flores abrem os olhos à luz risonha. Eu sorrio. O meu corpo corre e voa a um ritmo desconcertante. Os bichos passam e acenam-me através dos seus movimentos, uns voam, outros saltam, outros trotam, rastejam ou ficam simplesmente a olhar. A olhar eu passar. Os riachos e cascatas cantam com as ondas e entoam aplausos calorosos. Ouve-se o cantar de mil corações, mil emoções, que se combinam como cores. O sangue corre-me nas veias. As ideias correm-me por todo o meu ser. Continuo. Prossigo. avanço, avanço e avanço. Tudo brilha mais intensamente! Os miudos rebolam pelas relvas dos jardins e soltam risos estonteantes. Os carros sujam a história mas lá dentro levam vidas, tempos, emoções, e elas e eles puxam por mim. Gritam "FORÇA" e "TU CONSEGUES!!!". E eu vou! Os meus músculos e ossos enfurecidos uivam de cansaço, mas o coração e a mente comandam, e eles calam-se em tom de acreditar! E lá está, no final.. seja ele o fim do inicio, do meio ou o principio do fim... Lá está! A natureza escuta. A multidão observa. E, finalmente, depois de segundos de simbiose, o mundo grita em júbilo! Encontrei-te. Encontrei-te meu amor! A mente sussura ao coração, aconselha-o de calma e bons modos. "Que se lixe!!" responde-lhe ele. "Encontrei-te meu amor!" Beijei-te! Toquei-te. Vez, após vez, após vez. Estamos juntos de novo. Agora os bixos e os campos cantam enquanto as águas doces e salgadas formam uma banda com o vento. Os citadinos retomam as suas missões. um local bem agradável convida-nos a ocupá-lo. Talvez resulte numa grande desilusão, mas sendo um local, novo e intrigante, e por isso interessante... é sem duvida apaixonante! Apaixonante como tu... Ali está! Lá vamos nós! Afinal o amor, seja eterno ou efémero, é só isso! É amor! É risco e correria, instante sombrio e luminoso, obscuro e revitalizante. Amargo e doce. Frio e escaldado. É um encontro, um aceno, um suspiro. O amor é sentarmo-nos agora ali e daqui a pouco já estarmos deitados e caídos nos chão chorando ou rindo sob efeito de fortes sentimentos. O amor é um trio. Eu, Tu e o Desconhecido.

28/05/2008

Paro.
Penso.
E declamo o pensamento...
Sentir-te aqui. Agora. Seria como tocar o branco, depois o azúl névoa. Viria a luz, depois, o mistério.
Passamos ao negro. Deixas-te-me às escuras. Surge a questão. De novo o negro; e, a pouco e pouco o negro percorre os azuis, os verdes, os amarelos, os laranjas, os rosas, os vermelhos, tudo se mistura... E tu, apareces, montado na tua simples beleza. Dás-me a mão e levas-me...

15/05/2008

Perdoa-me por fugir quando o mundo começa a desabar.
Perdoa-me por guardar rancor e raiva e depois deixá-los fugir com arrogância.
Perdoa-me.
Por pisar o risco,
pular a cerca,
passar para lá das marcas,
por ultrapassar todos os limites possíveis.
Perdoa-me por não te perdoar.
Perdoa-me por te querer,
por te olhar
tocar,
admirar...
Perdoa-me por ousar vocifrar o teu nome à brisa e ao vento
e deixá-los espalhar pelo mundo a mensagem:
'Eu amo-te!'.
Ontem.
Hoje.
Amanhã.
De dia ou de noite.
Aqui e agora.
Por décadas, séculos e milénios.
Perdoa-me por tudo isto e muito mais.
Perdoa-me por não sermos iguais.
Por sermos assim, tão diferentes,
perfeitos estranhos,
perfeitos imperfeitos.
mas perfeitos...
Sermos guerreiros da noite,
'capitães de areia'.
Sermos sim e não, num paradoxo de emoção.
Sermos um eu e um tu, que vivem em simbiose.
Perdoa-me por este brotar de palavras e frases
que não revelam mais do que uma louca,
uma insensata mente, corroída e débil
que nada faz se não pensar em ti,
gravar cada gesto, cada palavra,
cada contacto...
Perdoa-me a mim.
Perdoa-te a ti.
Perdoa-me por este sentimento ser um sempre,
que vai crescendo e apredendo lentamente
como é bom amar-te tanto assim.
(Para ti)